domingo, 29 de agosto de 2010
Único
Não consigo me lembrar de nada, Não consigo dizer se isto é sonho ou realidade, Dentro de mim sinto vontade de gritar, Este terrível silêncio me prende, Agora que a guerra acabou comigo, Eu acordo e não posso ver que não resta muito de mim, Nada é real a não ser a dor agora, Prendo a respiração enquanto desejo morrer, Oh Deus por favor acorde-me! De volta ao útero é muito real, Para dentro injeta-se a vida que tenho de sentir, Mas não posso olhar para frente e imaginar ver a vida que terei, Alimentado por tubos enfiados em mim, Como num romance de guerra, Ligado a máquinas que me fazem existir, Cortem esta vida de mim, Agora o mundo desapareceu, Eu sou o único, Trevas aprisionando-me, Tudo o que vejo é horror absoluto, Não consigo viver, Não consigo morrer, Preso dentro de mim mesmo o meu corpo é a minha cela, Campo minado arrancou-me a visão, Arrancou-me a fala, Arrancou-me a audição, Arrancou-me os braços, Arrancou-me as pernas, Arrancou-me a alma, Deixou-me com a vida no inferno, Dentro de mim eu estou gritando ninguém presta qualquer atenção, Se eu tivesse braços eu poderia me matar, Se eu tivesse pernas eu poderia fugir, Se eu tivesse uma voz eu poderia falar e ser algum tipo de companhia para mim, Como eu sei que eles vão me matar? Eu poderia gritar por ajuda mas ninguém me ajudaria, Mantenha o fogo queimando em casa enquanto nossos corações anseiam
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