quinta-feira, 30 de abril de 2009

Se Eu


Se eu fosse um cisne estaria morto, Se eu fosse um trem estaria atrasado, E se eu fosse um bom homem conversaria contigo, Mais frequentemente do que faço, Se eu fosse dormir poderia sonhar, Se eu tivesse medo poderia me esconder, Se eu enlouquecer por favor não ponha seus arames no meu cérebro, Se eu fosse à lua eu seria legal, Se eu fosse uma regra estaria dobrado, Se eu fosse um bom homem eu entenderia as distâncias entre amigos, Se eu estivesse só eu choraria, E se eu estive contigo eu estaria em casa e seco, Se eu enlouquecer, Você ainda vai me deixar participar do jogo?

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Felicidade É Uma Boca De Marsopa


Os patos brancos voam para além do sol, Suas asas de brilho prateado sobre a lua, Enquanto a água corre para debaixo da língua da montanha meus orgãos tocam como uma melodia circense, Eu danço para a beleza dos seus pés e canto para a alegria dos seus joelhos, O vestido branco gélido do seio da montanha pinta as árvores congeladas, Os modelos das plantas ácer no céu deixa o beijo do vento, Enquanto marcas de insetos brilhantes e moscas dançam nos lábios dela, Eu assobio sinfonias em sua face e rio do seu cabelo tão belo, Dentro de surpresas verdes na grama do playground uma criança pula corda na rima, Flechas e bronzes, Os tambores da marcha fazem um som de felicidade, Árvores curvam-se para baixo com nozes e ameixas, Eles caem para encontrar o chão, O sol queima acima do céu gelado e toda a terra é amor

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pálido Ponto Azul [Carl Sagan]


A Partir desse ponto de observação, a Terra talvez não apresentasse nenhum interesse especial. Para nós, no entanto, ela é diferente. Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmerasreligiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “lideres supremos”, todos os santos e pecadores da historia da nossa espécie, ali – num grão de poeira suspenso num raio de sol.
A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto. Pesem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus freqüentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos. A Terra é, até agora, o único mundo conhecido que abriga a vida. Não há nenhum outro lugar, ao menos no futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar, sim. Goste-se ou não, no momento a Terra é o nosso posto.
Tem-se dito que a astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina humildade. Talvez não exista melhor comprovação da loucura das vaidades humanas do que esta distante imagem de nosso mundo minúsculo. Para min, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.

Vídeo Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=FPJh3UeJDaA
(Trecho do livro Pálido Ponto Azul (Pale Blue Dot), de Carl Sagan, Lido pelo próprio. Legendas em português).