quinta-feira, 15 de abril de 2021
Meu Amigo Peter
Peter sempre foi um cara foi forte, alegre e animado, nunca reclamava de nada, dificilmente você o via sem fazer nada, sempre animado e esforçado, mas quando ele descobriu que estava doente, a doença tomou todo o seu corpo e espírito, naqueles anos quase nem saiamos mais, eu estava ao seu lado quase sempre, saia da escola e já ia na casa dele, entrava no quarto e lá estava ele todo pálido, quase sem forças, os fios e oxigênios ligados nele, mas quando ele me via parecia ganhar forças e dava aquele sorriso e falava pra mim “já fugiu da escola seu pestinha” a gente almoçava no quarto e jogávamos vídeo game. As vezes eu tinha que ajudar meu pai na oficina e não podia ir visitar ele, minha mãe sempre estava me perguntando se eu iria arrumar o meu quarto e eu sempre respondia que iria e já pulava a janela e ia correndo até a casa de Peter
Um dia que ele me ligou em casa, disse que havia sonhado com os anjos e que a sua dor havia acabado, eu chorei sem ele saber, disse para ele não pensar naquelas coisas pois conseguiríamos a cura, ele sorriu mas percebi sua preocupação, eu também fiquei muito preocupado, não gostava de mostrar para ele meu sofrimento, sua vida era tão difícil e ele perceber e me ver chorando o deixaria pior
Foi numa sexta, lembro-me que estava feliz na escola, perguntavam sobre ele e eu dizia que logo estaria com todos nós, lembro que o diretor foi até minha sala e me chamou, estranhei pois nunca fui de ir na diretoria (mesmo sendo um pestinha) quando entrei o diretor me olhou e me disse preocupado, seu amigo Peter não está bem, seus pais acabaram de me ligar e me pediram para dizer que era para você ir até lá, que ele precisam de você, eu agradeci, peguei minha bicicleta e sai correndo direto pra casa de Peter
Chegando lá, eu vi que o carro do doutor estava em frente à casa deles, a grama estava alta, as árvores tinham as folhas secas, senti algo forte em minhas veias e alma, entrei e na sala ao lado da porta do quarto dele estavam seus pais sentados e abraçados, eles vieram até mim e me abraçaram, me falaram que fui a melhor coisa que aconteceu na vida de Peter, me falaram para eu ir no quarto dele, pois ele queria me ver. Entrei no quarto e o doutor saiu, colocou a mão em meu ombro, abaixou a cabeça e eu fui indo até ele, olhei pra ele e ele deu aquele sorriso fraco e tremulo, me falou com a voz bem cansada, sente aqui do meu lado na cama, fiz o que ele me pediu e ele pegou minha mão e foi me dizendo...
“Na noite passada eu sonhei com Deus, era como se eu estivesse nas nuvens, voando junto com os anjos e eles vinham e me abraçavam e conduziam, minha avó Ruth estava junto e também meu tio Alfred, eu via uma luz muito forte e no mesmo instante eu vi Deus, Ele veio em minha direção e me disse que a minha dor iria passar, que logo eu iria estar curado, e eu sentia o cheiro das flores, o ar era puro, os animais eram felizes, as pessoas também era felizes e amavam umas as outras, não existia a maldade neste lugar, era um paraíso.’’
Obrigado por tudo, por me alegrar quando eu sentia dor, por me abraçar quando a morfina não fazia efeito, por ter me apresentado à Mary (à quem sempre fui apaixonado) te agradeço pelos conselhos, pelos jogos de video-game que jogamos juntos, pelos filmes, pelas figurinhas de baseball, por ter parado de viver a sua vida para viver ao meu lado......te vejo do outro lado, meu amigo, estou bem pode ter certeza, obrigado por tudo.
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