quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
Soldado
Eu acabo de ser enterrado, desço ao mundo do silêncio e ouço a melodia do meu novo mundo, saímos todos sem dar adeus, o adeus é seco e frio, meu corpo velho se esvai, eu menti para todos que eu conheci, não conheci a vida e todos os dias que eu vivi eu morri, apodreci um bocado, vejo milhões de faces e não consigo reconhecê-las. Eu era um soldado, minha família era pobre, meu pai era demente e minha mãe religiosa, meus dois irmãos eram minha única família, a bíblia no criado mudo se perdia à teias de aranha, as canecas de café sujas de poeira, o meu coração era fraco, a morte sempre dava as caras, na guerra eu matei muitos, aquelas almas vinham me aterrorizar quase todos os dias...algumas até sabiam o meu nome, tentei várias vezes mudar, mas o outro lado "a passagem" é e sempre será o nosso lugar
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
A Casa Que Era De Minha Família
Nesta casa a felicidade era infinita, era quando a minha família era unida, aonde eu e meus familiares vivemos tantas coisas todos reunidos, dos meus brinquedos, das armadilhas para passarinho que meu vô me ensinava fazer, da comida deliciosa que minha vó fazia, dos pães caseiros (ah que saudade ainda sinto o cheiro), as tias, minha mãe e minha vó sentadas na mesa tomando café e conversando, eu e meu irmão brincando no chão da cozinha e as vezes embaixo da mesa também, dos pés de goiaba e jabuticaba carregados em frente à porta da cozinha, do natal em que nós não tínhamos uma árvore de natal, mas mesmo assim a família improvisava com um galho de árvore, do quintal de terra vermelha e muitas folhas, Mad Max na tv com os tios, a cama dos avós toda arrumada com a colcha de retalhos, ao lado um criado mudo com a bíblia, na penteadeira da vó um espelho, escova de cabelo e pentes, muitos perfumes e um guarda roupa, o leiteiro trazendo o leite ainda quente no portão, o vizinho com seus cavalos e da vez em que tomou um coice na boca do mesmo, a galinha na água fervendo na panela para o almoço de domingo, o macarrão da vó era (o macarrão) o molho de tomate era delicioso, as brincadeiras no quintal eram ao lado de meu irmão, meu fiel companheiro, o carroceiro passava toda sexta, para pegar a lavagem do galão que a vó deixava separado, as vezes íamos ao Tonicão com meu pai e tios, a gente gostava de escorregar com papelão nos barrancos do estádio, essa vila é tão incrível, essa casa era tão linda e hoje já nem existe mais, só restaram as lembranças e a saudade
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